quarta-feira, 22 de março de 2017

Vamos falar dessa Cultura do Desapego

Já dizia o pensador contemporâneo @chapolinoficial: "Tô enjoado de gente fria e desapegada. Gosto é de gente que diz que ama 30 vezes, gente que sente saudade, gente que demonstra que se importa."




Eu queria bem saber de onde as pessoas tiraram que ser desapegado é cool. Sabe, eu sou super a favor da libertação sexual, dos relacionamentos abertos, da poligamia (tanto quanto da monogamia), porque acredito que as pessoas encontram mesmo felicidade em todos esses tipos de relacionamentos e enfim... mas eu tenho certeza que qualquer uma das opções só funciona de verdade quando as pessoas são honestas umas com as outras. E desde que se instaurou essa cultura do desapego eu sinto que falta honestidade pra um dos lados. Vou explicar: todo mundo é super honesto na hora de falar "ah, mas não tô a fim de nada sério agora" etc, mas na hora que começa a gostar mesmo e começa a querer um relacionamento sério, começa a se importar, sentir saudades... aí não fala! Parece que as pessoas têm medo demais de serem rejeitadas, de sofrer, de... sei lá. E elas acabam se privando de muitas coisas boas.

SE AMEM MAIS E EXPRESSEM ESSE AMOR, TODO MUNDO GOSTA DE SE SENTIR AMADO <3



(Vou dar um exemplo pessoal bem sucedido nesse aspecto: uma vez eu tava muito a fim de voltar a ficar com um cara que eu já tinha ficado algumas vezes, aí eu simplesmente virei pra ele e disse "queria muito voltar a ficar com você". Aí ele disse "eu também". E voltamos a ficar e ficamos por bastante tempo e foi bem gostosinho. Se eu quisesse bancar a desapegada e não fosse honesta isso poderia não ter acontecido.)





Fiz uma pequena lista de filmes que são contra a cultura do desapego, ou seja, histórias que não teriam acontecido se qualquer uma das partes envolvidas resolvesse ser desapegada, dar aquela fingidinha de que não se importa, de que não tá envolvido, responder as msgs 2 horas depois de propósito pra não parecer "desesperado", não postar fotinho pra pessoa não achar que você tá criando expectativas... ai, são tantas atitudes irritantes hahahah. A maioria deles vocês já devem conhecer e provavelmente gostam. E aqui tem de tudo: comédia, drama, musical, uns até mais épicos, tá valendo tudo. Então lembrem desses filminhos do amor e inspirem-se: 



Moulin Rouge | A Casa do Lago | La La Land | Mensagem Pra Você | O Paciente Inglês | Outono em Nova York | Shakespeare Apaixonado | Titanic | O Amor Não Tira Férias | Muito Bem Acompanhada | Ironias do Amor | Diário de Uma Paixão | Amor Sem Fronteiras



Esse post surgiu de várias conversas que tenho tido com amigos e amigas que, assim como eu, estão revoltados com essa ditadura do desapego. Migues, façam seus peguetes assistirem esses filminhoss hahahah




Importante: parem de achar que romances de cinema são idealizados. Esses dias concluí que até Romeu e Julieta é realista (post sobre isso em breve hahaha). Aliás, vou aproveitar pra fazer outro desabafo. Pensem bem quando forem dizer que um relacionamento "não deu certo". Porque né, quando uma amiga minha que namorou por três anos vem me dizer que não deu certo eu digo "miga, deu certo por muito tempo". DAR CERTO =/= SER PRA SEMPRE.




Beijos de luz <3

Lembrete do dia: diga pra pessoa que eu não sei quem é mas cada um sabe quem é: eu gosto de você. Talvez ela não saiba E talvez ela também goste de você. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Vamos falar da Nova MPB


Eu não sou obrigada a ouvir "não se faz mais música como antigamente", principalmente em relação à música brasileira. 


Eu respeito quem não gosta de funk ou dos artistas pops brasileiros, a não ser que esse "não gostar" esteja em um lugar de opinião preconceituosa. Quando é o caso, acredito que a melhor forma seja conversar com essas pessoas, e tentar fazer com que elas vejam esse preconceito. Mas isso acho que é assunto pra outro post...



A questão é que eu percebi que, de forma geral, quando as pessoas dizem isso, elas sentem falta de, por exemplo, Legião Urbana, Cazuza, Cássia Eller, Rita Lee, Paralamas do Sucesso, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Elis Regina, e por aí vai... teoricamente, seria essa a música que "não se faz mais como antigamente".

Outra coisa que eu percebi é que muitos desses artistas citados acima estiveram presentes no combate à ditadura militar. Toda uma geração de artistas da música esteve voltada pra essa luta. E a geração seguinte pareceu enfrentar um certo vazio, como disse Cazuza "ideologia, eu quero uma pra viver".
Com exceção talvez de Renato Russo, que colocava questões mais politizadas em suas canções, parece que desde então, todas as cantoras de MPB que surgiram, ou as bandas de rock que se formaram, não tinham exatamente uma ideologia, ou como ouvi uma vez, suas músicas "não falam de nada". Queria destacar que isso não é necessariamente ruim. É natural (e acho que muito saudável) que as gerações se alternem nesse sentido. Isso não acontece somente na música, ou nas artes, acontece nas famílias, nas empresas, e até na política. A geração seguinte sempre tenta negar a anterior. Então se uma geração queria fazer música com um propósito, a seguinte veio pra fazer música pela música.


E é nesse ponto que eu queria chegar.



Nós estamos presenciando exatamente um momento de transição entre gerações. Essas bandas "não politizadas" não são mais interessantes para os jovens da atualidade, nós queremos mais. E por que? Porque nós queremos falar coisas! Nós temos questões importantes que queremos discutir, lutas por ideais que a gente acredita e que quase nunca foram falados. E quais questões são essas? 



Machismo, homofobia, transfobia, racismo, intolerância, retrocesso político e mais.



E onde está essa geração de artistas que luta por tudo isso? Que quer discutir essas questões que são tão importantes pra nós nesse momento?




Em cima, da esquerda pra direita: Liniker e os Caramelows, Carne Doce, As Bahias e a Cozinha Mineira, Aíla, Daniel SalveEm baixo, da esquerda pra direita: Iara Rennó, Larissa Luz, Ana Cañas, Karina Buhr, Blubell.
É só clicar no nome que você vai direto pro youtube de cada um (tem no spotify também).
E esses são só alguns! Se quiser conhecer mais, comenta aqui, eu indico mais. Ou ainda, clique em Cultura Livre e assiste os artistas que vão nesse programa, recomendo muito!


Por fim, eu queria enfatizar o título do post, porque diversas vezes presenciei a discussão de "que gênero esses artistas tocam/cantam". Eles vêm cada um de um canto do Brasil, vêm de Belém, de Goiânia, de Salvador... todos de forma independente, e chegam com o pé na porta, cada um com um estilo, mas ao mesmo tempo todos juntos, e conquistando a todos. Acho que nada mais justo do que dizer que é a Nova MPB.


A Nova Música Popular Brasileira.  

Ouçam. Beijos <3

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Vamos falar de Feminismo

Vamos falar de Feminismo.
Porque sim.
Porque é necessário.
E se reclamar falamos mais <3


E aqui no blog, claro... é o ponto te vista cultural!

É importante destacar que não vou falar somente de obras que falem de feminismo, mas também de obras em que podemos perceber a presença do feminismo na nossa cultura. Vamos nessa?


Pra começar não precisa ter medo da palavra Feminismo, não precisa ter medo de dizer "eu sou feminista". Afinal, como definiu muito bem Jacqueline Pitanguy em entrevista ao Você É Feminista E Não Sabe, "feminismo é apenas e tão somente a capacidade de identificar desigualdades, injustiças na relação entre homens e mulheres, na relação da mulher com as instituições políticas, e de lutar por elas, por um mundo melhor, mais igualitário, é isso.
Jacqueline Pitanguy é socióloga e cientista política. Você pode assistir a entrevista na íntegra no canal do youtube: youtube.com/voceefeministaenaosabe


E assim abro a sessão de indicações culturais para o tema!



O canal Você É Feminista E Não Sabe tem muitas entrevistas com diferentes feministas, cada uma sob um ponto de vista diferente: história, política, psicanálise... entre outros! Vale muito a pena! Entrei recentemente pra equipe do canal e me sentindo realizadíssima de estar fazendo parte desse projeto! 



Próximas dicas: 


LITERATURA


-- A Jacqueline Pitanguy também escreveu o livro O QUE É FEMINISMO. Li e gostei muito! É da Coleção Primeiros Passos, super curtinho e muito didático. Recomendo a todos, mas principalmente a quem quer entender melhor os primórdios do feminismo.



-- Outro livro muuito bom que estou lendo é O CÁLICE E A ESPADA, da Riane Eisler, que além de escritora é acadêmica e ativista social austríaca. A obra é de 1987 e não fala especificamente sobre o movimento feminista, mas apresenta evidências históricas de que houve, em algum lugar do passado, sociedades não patriarcais e igualitárias que aos poucos sofreram diversas mudanças e, com elas, o domínio dos homens sobre as mulheres.



-- Depois de ler esses dois livros, recomenda-se O SEGUNDO SEXO, da Simone Beauvoir. Publicado em 1949 essa sim é uma das obras mais importantes do próprio movimento feminista. Em vez de escrever uma breve sinopse, vou recomendar a entrevista da Djamila Ribeiro, que é MARAVILHOSA e explica muito bem a importância do pensamento da Simone Beauvoir: https://www.youtube.com/watch?v=WlRLzA6YxWE - também do canal Você É Feminista E Não Sabe.


-- #MEUAMIGOSECRETO, do coletivo Não Me Kahlo. A Coleção Hashtag busca estender os debates do mundo virtual, dando continuidade as discussões. Esse é o seu primeiro título e tem como objetivo a desconstrução do machismo. Através de artigos e pesquisas o livro serve de material de apoio para as pautas feministas. Ah, e o prefácio é da incrível Djamila Ribeiro <3 

-- A MÃO ESQUERDA DE VÊNUS, da Fernanda Young. Livro de poesias de uma mulher empoderadíssima, personalidade forte e, muitas vezes polêmica. O livro em si não é sobre feminismo, mas sempre que eu ouço/leio que Chico Buarque "capta a alma feminina" eu tenho vontade de jogar esse livro na cara da pessoa, hahaha (se achou essa frase polêmica aguarde o próximo post, falarei mais sobre isso). Livro muito muito bom, e a autora reforça que as mulheres não devem ter medo de se expor, no sentido de se colocar. Ela diz: “Lançar um livro de poesia é algo complicado, porque não tem personagem, não tem enredo. Representa sensações, desejos, frustrações. Sou mulher, já fui agredida, levei tapa na cara duas vezes. Recentemente abri processo contra uma pessoa no Instagram”

 
CINEMA

Muito difícil falar de todos que eu queria. Fiz a seleção da seleção da seleção aqui, e procurei falar de filmes que talvez você não tenha visto. 
 
FRIDA (2002)
de Julie Taymor

A história de uma das mulheres mais empoderadas, um dos principais nomes da arte mexicana. O filme passa por sua vida, desde o acidente, até a conturbada relação com o artista Diego Rivera. A Frida interpretada por Salma Hayek é apaixonante, na minha opinião a melhor performance da sua carreira. Frida enfrentou muitas adversidades ao longo de sua vida, superadas com muita força de vontade e luta. O filme registra a alma sofrida de Frida Kahlo ilustrada através de seus quadros e, sendo infinitamente colorido, nos faz ver que o que Frida mais tinha era uma vontade imensa de viver.  




THELMA E LOUISE (1991)
de Ridley Scott

As duas amigas que largam tudo pra ir viajar por um final de semana simplesmente por estarem cansadas da vida monótona que levam. É muito poder. Totalmente donas de si. Durante a viagem, elas se envolvem em um crime e decidem fugir para o México... e o resto só assistindo. Bom demais esse filme!






AS SUFRAGISTAS (2015)
de Sarah  Gavron

No início do século XX, mesmo depois de décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não tinham direito ao voto no Reino Unido. Assim, um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, chamando a atenção ao quebrar vidraças e explodir caixas de correio. Tudo pra chamar a atenção dos políticos locais. 



Ai gente, esse tema e essas três atrizes: não tinha como não ser um puta filme! 
Carey Mulligan, Meryl Streep, Helena Bonhan Carter, quero ser vocês quando eu crescer <3


Mais filmessss:
As Horas, Erin Brockovich, Tudo Sobre Minha Mãe, O Sorriso de Mona Lisa, Joy, As Virgens Suicidas, Frozen, Valente.

 
TELEVISÃO

ORANGE IS THE NEW BLACKSó mulheres maravilhosas mostrando a incrível diversidade do sexo feminino: belezas físicas diferentes, personalidades diferentes, objetivos diferentes, amizades diferentes, famílias diferentes. AMO TANTO.




HOW TO GET AWAY WITH MURDERER: Annelise Keating provavelmente a personagem mulher mais poderosa já criada pra uma série <3 <3 <3 




ORPHAN BLACKUma única atriz interpretando 8 personagens diferentes, mas todas empoderadas, com personalidades fortes, donas de si. Impossível não se apaixonar por essa atriz <3  







SCANDAL: Uma mulher por trás de toda política nos Estados Unidos? Não tenho nem o que falar. "It's handled." 






GAME OF THRONES: Apesar da ambientação medieval, nunca vi tanta mulher poderosa junta. Cada uma usa seu poder de uma forma, mas todas se impõe e lutam sem precisar de macho nenhum, beijos.






MÚSICA BRASILEIRA ATUAL

Sim, só brasileira e atual, bora fortalecer as manas do nosso país <3 

Só que música não tem resumo, só ouvindo mesmo pra entender o quão maravilhosas essas mulheres são. É só clicar no nome:



KARINA BUHR 




CARNE DOCE




AÍLA




AS BAHIAS E A COZINHA MINEIRA







Ufa... muita informação! Muita coisa boa pra você conhecer, espero que goste <3

Depois me diga o que você achou, caso vá atrás de alguma das dicas, ou caso tenha outras dicas pra compartilhar, deixe seu comentário :) 

Até o próximo post! 


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Vamos falar de "Na Selva das Cidades"

Fui assistir a uma peça durante a qual sujei minha mão de farinha involuntariamente e quase perdi minha rasteirinha duas vezes. Sem falar que em determinado momento simplesmente amanhece no Galpão do Sesc Pompéia. Sim.

Uma recriação de "Na Selva das Cidades", de Bertolt Brecht, pela mundana companhia e pela diretora Cibele Forjaz.


Rapidamente, quem foi Bertolt Brecth?
Dramaturgo, poeta e encenador alemão que teve muita influência no teatro contemporâneo, e também desenvolveu o "teatro épico". Sua obra artística, de forma geral, critica o a forma como as relações humanas se estabelecem no sistema capitalista.  

Voltando à peça que assisti.
Texto fortísssimo sobre a ambição e o contraste social no ambiente urbano, e que nesta montagem foi trazido para nossa atualidade com pontuações certeiras sobre os debates políticos. Livre movimentação do público no espaço. Muito estímulo, muita informação, a plasticidade sonora é de arrepiar, iluminação impactante e atores totalmente entregues! Daqueles espetáculos que você poderia ficar horas comentando com quem assistiu com você, e trocando figurinha do que cada um percebeu em determinados momentos.
Vontade de ver mais duas vezes pra ter certeza de que captamos tudo.

E MAIS. A produção desenvolveu um sistema que disponibiliza um wifi no local e envia conteúdo em tempo real para os espectadores através do site http://intra.selva 
Vídeos, fotos gifs... muito legal!

Muito inovador, alternativo, e de alta qualidade!
Assistam!


"Na Selva das Cidades - Em Obras"
SESC POMPÉIA
Rua Clélia, 93
De 01/04 até 15/05
Sexta: 20h
Sábado: 20h
Domingo: 18h
Ingressos entre R$12 e R$40

sábado, 26 de março de 2016

Vamos falar de Black Mirror

Em uma palavra, Black Mirror é assustador.

Se vocês ficam tensos com Supernatural, American Horror Story, The Walking Dead, etc, assistam essa série. Afinal, só uma coisa pode dar mais medo do que o sobrenatural: a própria realidade. É assustador ver para onde a nossa sociedade está caminhando. Parece inaceitável pensar nas situações que a série propõe, mas depois você percebe o quanto já estamos perto disso. ISSO é terror pra mim. 

Só o título já é genial.
Não é uma série que se refere somente às telas pretas através das quais estamos vivendo atualmente (celular, tablet, televisão, computador...), mas é também uma série que reflete esse lado negro para o qual a sociedade está caminhando. Quem assistiu Her e gostou, com certeza vai pirar nessa série. Eu adorei a reflexão que o filme propõe, já é um "espelho negro", mas Black Mirror vai mais além. Muito mais. 

A série também tem uma estrutura toda própria: Por enquanto são duas temporadas, cada uma com apenas três episódios que variam entre 40 minutos e 1 hora; depois teve um especial; e a terceira temporada com 12 episódios já foi confirmada. 
Cada episódio é uma situação nova, uma reflexão nova, novas personagens. E, felizmente, não é o tipo de série que se faz maratona, porque cada episódio é um belo de um soco no estômago. Eu não consegui assistir sem que tivesse pelo menos um dia de distância entre os episódios. São pesadíssimos. E não em termos de violência, sexo, nem nada, é tudo muito psicológico, é essa percepção desesperadora de que a gente tá chegando nisso aí. E ao mesmo tempo que a série me dá vontade de chorar, vomitar, gritar, me matar... eu quero abraçar o Charlie Brooker, criador da série (moço, por onde você andava? Hahaha), porque eu acredito que se as pessoas começassem a refletir sobre o que a série propõe, talvez a gente ainda tivesse tempo de reverter essa situação monstruosa. POR FAVOR VAMOS REVERTER ESSA SITUAÇÃO MONSTRUOSA.

São colocadas situações extremas tratando de privacidade/reality shows, vigilância/panóptico, espectadores passivos, espetacularização (S02E02 é meio Show de Truman), justiça/vingança, desumanização, realidade virtual, vida através das telas, memória, morte, política, voyeurismo, até o tal do "bloqueio", uma característica do mundo virtual, levada ao mundo material. E é tudo muito assustador de considerar já tão próximo da gente. 

Obrigada Black Mirror, por me fazer continuar acreditando que a arte e a cultura são instrumentos de contestação da realidade, de incentivo a discussões importantes. E que é possível fazer isso com conteúdo de qualidade, e de amplo acesso (disponível no Netflix).

VAI TODO MUNDO VER AGORA.  

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Vamos falar de Wicked Brasil

Chega ao Brasil um dos musicais de maior sucesso da Broadway

WICKED
The untold story of the witches of Oz 

(A história não contada das bruxas de Oz)

Ouvi muita gente usando o "blockbuster da Broadway" como algo negativo, além das pedradas que já estamos acostumados quando se trata do gênero musical, principalmente esses de grande porte. Os metidos a "cult", que eu também gosto de chamar de alterna-trouxas, adoram dizer que não é arte, que é puro entretenimento. 

A questão é, esse musical, que tem tanta visibilidade no mundo inteiro, tem duas mulheres como protagonistas e ainda coloca em cheque o binarismo de bem e mal, certo e errado. Isso só me faz crer que o Brasil ainda não consegue reconhecer a importância dessas coisas. 

Resumindo o rolê:
O Mágico de Oz, como vocês bem devem se lembrar, constrói muito bem a personagem da Glinda, A Bruxa Boa do Norte, e da Elphaba, A Bruxa Má do Oeste. A primeira está lá para ajudar Dorothy, enquanto a segunda tenta atrapalhar. Um maniqueísmo muito claro, e muito comum em histórias infantis.
E eis que me surge um ser humano chamado Gregory Maguire e escreve Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West (A Vida e os Tempos da Bruxa Má do Oeste).
É o que chamamos de spin-off¹.
Não quero dar spoilers, mas a imagem abaixo já mostra um mínimo do que a história sugere...


E gente... É MUITO BOM.

Além de tudo isso, a história vai permeando a história d'O Mágico de Oz de uma forma muito criativa. O musical é surpreendente, as personagens são engraçadas, as músicas são muito boas. E sim, é uma mega produção de cenário, figurino, maquiagem, tudo que tem direito! E tá tudo bem.

Não tem nada melhor do que a arte contestar esses binarismos de bem-mal, homem-mulher, certo-errado... e é de extrema maestria quando faz isso e ainda se torna algo tão grande quanto Wicked, afinal, é aí que você começa a fazer alguma diferença. Estava falando algo parecido sobre o novo Star Wars outro dia².

Sendo estudante de Comunicação, eu vejo que um dos maiores desafios para nós, produtores de conteúdo, é falar de coisas importantes de uma forma que as pessoas queiram ver/assistir/ler, etc. Não é fácil. Principalmente no Brasil, a maioria dos filmes, por exemplo, ficam entre o super-cult-que-ninguém-conhece e o entretenimento-puro-que-dá-dinheiro-e-não-fala-de-nada-importante.

Então, gente. Para de preconceito com musicais, com megaproduções, com entretenimento de forma geral, e vai ver Wicked. Eu vi na Broadway, e estive na coletiva de imprensa ao lado do compositor Stephen Schwartz, que disse estar muito orgulhoso do elenco e da produção brasileira. Ou seja, um trabalho de qualidade e que passa uma mensagem muito importante. Além de, como já falei, as duas protagonistas serem mulheres. Wicked passa no teste de Bechdel sem dúvida! 

Outro ponto importante: os ingressos estão entre R$50,00 e R$280,00. Os melhores lugares da plateia costumam ser caros mesmo, muitas pessoas reclamam disso. O negócio é ficar atento às sessões populares, os ingressos são vendidos por preços bem mais acessíveis e não é difícil de conseguir. 

Estreia dia 04 de Março no Teatro Renault! Estrelando Myra Ruyz e Fabi Bang!

¹ significado de spin-off
²  releia "Vamos falar de Star Wars"

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Vamos falar de Lili Elbe

Precisamos, DESESPERADAMENTE, falar de Lili Elbe, a protagonista do filme "A Garota Dinamarquesa". Ok? Ok.

O slogan: "Encontre a coragem para ser você mesmo."

Todos devem saber mais ou menos do que se trata o filme: década de 20, uma mulher presa no corpo de um homem luta contra uma sociedade e contra si mesma para se libertar desse corpo, e ser quem ela quer ser. Não se trata de uma ficção científica, inclusive é muito, muito real e atual. O roteiro é baseado no livro homônimo, e também na vida das pintoras dinamarquesas Lili Elbe e Gerda Wegener. 

Entretanto, o filme fala de muito mais, e isso já era desde o slogan. O problema é que, sabendo quem é a Lili do filme, já adotamos um sentido para o slogan, ele fica predeterminado. Da mesma forma que predeterminamos estereótipos de homem e mulher. E assistindo é possível perceber que na verdade existem muitos sentidos pra essa frase. Ou seja, uma quebra de estereótipos e uns vários tapas na cara de todo mundo desde o slogan.

Encontre
a coragem
para ser
você mesmo.

Não se trata apenas dessa uma mulher, Lili Elbe. Se trata de todos nós. Todos somos Lili, todos temos problemas de ser quem somos às vezes, todos temos que enfrentar a sociedade, se enfrentar, se conhecer, e não é fácil. 

Não estou diminuindo a questão do movimento transsexual, muito pelo contrário! Lili teve uma importância gigantesca. Graças a ela, precursora do movimento, essas mulheres puderam se colocar, se encontrar na sociedade, buscar sua coragem de enfrentar tudo para serem quem são e serem aceitas. Ainda não chegamos ao fim do preconceito, mas estamos caminhando, e essa caminhada começou com ela. Por isso sua história é tão importante e deve ser contada. E quando nos colocamos no lugar da Lili, percebemos que todos temos um pouco dela.

Esse momento em que a história se amplia e se encaixa em diferentes contextos, diferentes pessoas, é o momento em que percebemos, mais uma vez, a importância da arte. Filmes como esse são como uma lupa, contam uma história que, não só tem um conteúdo extremamente importante, como já falamos, mas também funciona como uma espécie de alegoria, e se aplica a todos nós.

Todos precisamos encontrar a nossa coragem de sermos nós mesmo. PRECISAMOS.

Assistam, "A Garota Dinamarquesa", inspirem-se em Lili Elbe. Além da personagem já ser inspiradora (e dos atores, Eddie Redmayne e Alicia Vikander, incríveis!), o filme visualmente é uma obra de arte. Uma não, várias... todas as locações, cenários, cores, texturas, enquadramentos, são verdadeiros quadros! Lindo lindo lindo.

VAI TODO MUNDO VER.